quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Twitter

Breve texto com mais de 140 caracteres de quem não tem Twitter


“como nada acontece na vida das pessoas hoje em dia, coletivamente se deseja que aconteça alguma coisa que quebre a rotina do não-acontecimento” (Jean Baudrillard, sociólogo francês)


Os comentários que farei aqui são exemplo e alvo de suas próprias críticas.


Acreditar que se tem algo interessante a dizer. Tentar mostrar aos outros que na sua ausência aparente você faz algo relevante e pensa coisas diferentes. Descobrir que tem pessoas interessadas em saber o que você escreve. Poder falar com alguém sobre um terceiro, a quem seguimos. Comunicar novidades instantaneamente. Ser ao mesmo tempo a mensagem e o meio. Tornar as coisas do cotidiano atrativas. Dar feição monumental as idéias. Talvez sejam estas as forças que movem nossas aparições na internet.


Queremos nos apresentar como num reality show, com a vantagem de não passarmos pela pré-aprovação da Rede Globo, nem sofrer os cortes na edição do programa. Somos publicitários de nós mesmos, querendo vender nosso dia a dia, querendo ser consumido por outros. Que nome dar a este fenômeno? Narcisismo? Carência? As conversas entram em extinção, dando lugar a um monólogo popular. Isto nos afasta de relacionamentos físicos, difíceis num mundo sem tempo. Alimentamos a ilusão de que estamos de fato inseridos em uma rede, ainda que estas pessoas não sejam capazes de ler algo alem de uma dúzia de palavras. Mas consigo atualizar meus amigos quando falo o que estou fazendo, eles sabem que estou vivo.


Será que é hora de colocar a solidão no plural?

Será que estamos sozinhos?

2 comentários:

  1. Pois é. A solidão nunca é solitária. Sozinho mesmo é aquele que ignora o resto. E o resto, veja bem, é apenas um bando de egoístas, que pensam que estão sozinhos enquanto gritam de cima do telhado para outros, sozinhos, que gritam de outros telhados. Enfim, o solitário por definição é um gigantesco ignorante. Os outros são apenas fetichistas.

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  2. Fiquei meio confuso, mas acho que estou entre os fetichistas! Sendo assim, vale frisar que eu prefiro as cores de esmalte mais discretas, ao menos para os dedinhos do pé!

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